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sábado, 16 de abril de 2011

O HOMEM DA BOTINHA

 O homem da botinha, quantas virtudes ele tinha!
 Não era perfeito, mas sempre gostou de andar direito.
 Exímio negociante, sempre vislumbrava uma ótima oportunidade, de tudo que parecia a sua frente.
 Um dos serviços, que mais gostou, pelo que ele me contou, foi ajudar seu pai a pisar barro, no tempo em que ele fabricava tijolos.
 Muita casca de barba timão ele tirou, vendia a mesma no curtume, pois usar a casca para secar o couro, naquela época era costume.
 Teve lenhadora, seu machado amolou, para derrubar árvores, pois com o mesmo muita lenha ele cortou. Vendia nas padarias, e com ela seu fogo acendia, para assar nosso pão, que comemos no dia a dia.
  Logo que casou, uma linha de leite ele comprou, mas para seu dissabor, o antigo dono o enganou, e com parcelas de um caminhão para pagar, muito teve que trabalhar.
 E é bom lembrar, que outra profissão, se empenhou em começar.
 Na cidade, utensílios de cozinha ele comprava, e no campo trocar por alguma coisa, sempre se aventurava.
 No campo, muitos perigos enfrentou, na iminência do ataque de um cachorro bravo, um palito de fósforo ele acendia, e no mesmo ele jogava, e para sua segurança, o cão se afugentava.
 Na feira livre também vendia, ramos de palmeira que ele trançava, para ser benzida no domingo de ramos, frutas, animais, e tudo mais que aparecia.
 O táxi de hoje, mas antigamente era carro de praça, foi outra profissão que abraçou, e também a ela se dedicou.
 Mas foi a negociar frutas, em que melhor se encaixou, muita experiência acumulou, com muita sabedoria, pomares na florada ele comprava, sem calculadora percorria as frutíferas, e só olhando as flores, conseguia imaginar quantas frutas aquele pé ia frutificar.
 Muita ferroada de abelha seu corpo suportou, de enxames que no interior das laranjeiras se instalou.
 Na hora da refeição, uma fogueirinha ele acendia, lanches com muito amor ele preparava, e na sombra das laranjeiras, os filhos e funcionários alimentava.
 Muita coisa ele me ensinou, a fechar portas de veículos sem bater, o que muito tenho a agradecer, aos treze anos me ensinou a dirigir caminhão com muita aptidão, a trabalhar, mas também não deixar de estudar.
 Quando eu era criança, muitos banhos ele me deu, nas férias escolares de Julho, e a de final de ano, íamos sempre passear, na casa do tio Manoel, que morava em um sítio em Botelho, nas cercanias de Santa Adélia, tio Manoel era um espanhol alegre e saltitante, com um vasto bigode, que nos recebia com uma alegria contagiante, ele pulava, fazia micagens, um verdadeiro anfitrião, no sítio não existia luz elétrica na época, então a noite, ficávamos conversando a luz de lamparina, e como era gostoso ouvir suas histórias.
 Uma vez, estávamos indo de caminhão para lá, e em algum trecho do caminho, meu pai viu em um sítio, folhas de fumo secando, e como na época ele gostava de fumar cigarro de palha, parou e foi tentar comprar algum fumo de corda, ele desceu do caminhão, eu, minha mãe, e meus irmãos, ficamos aguardando no veículo, como já fazia algum tempo que meu pai tinha descido, e não voltava, minha mãe chamou por ele, e eis que vem meu pai junto com um italiano, que era o proprietário do sítio, e com uma hospitalidade fora do comum, o mesmo fez muita questão que toda nossa família almoçasse com a dele, e antes de nossa partida, ainda nos presenteou com frutas, e muitas outras coisas.
 Que saudades da época de antigamente, que em relação aos dias de hoje, é muito diferente.
 Íamos também, para a casa da tia Isabel e tio Francisco em Braúna, cidadezinha próxima de Penápolis, tia Isabel gostava muito de conversar, e toda tarde íamos para a praça passear, e quando saíamos eu falava para ela, tia não vai fechar as janelas e portas da casa?. Ao que ela me respondia, para que?, eu retrucava, pode entrar algum ladrão, então ela respondia, mas aqui não existe ladrão.
 Que coisa gostosa ouvir isso, imaginemos um mundo sem ladrão, quanta tranquilidade ia existir em cada cidade.
 E até em Buenos Aires, na Argentina, ele nos levou a visitar primos e primas, lá comi o pêssego mais gostoso da minha vida, quanta fartura de frutas. Fomos ao Tigre, local pitoresco no rio da Prata, onde por ele, fizemos de barco um longo passeio.
 Em muitos postos de rodovia, próximo a Araraquara, aos domingos nos levava para almoçar, sendo assim minha mãe tinha um merecido descanso, e deixava de cozinhar.
 Em bailes nos sítios, também estava presente, era um dançarino, que na dança se envolvia, e isso lhe dava muita alegria.
 Os jogos porém, sempre foram sua maior diversão, logo depois de casado, em muitas corridas de cavalos, dinheiro ele jogou, mas pelo que eu saiba, muito pouco ele ganhou.
 Mas os jogos que ele mais se divertia, era com baralho, gostava muito de jogar uma rodada de truco, e isso muito lhe alegrava, ficava até de madrugada, porém nesse jogo não perdia nada.
 Por médicos foi desenganado, com isso ficou muito assustado, via a morte vindo lhe buscar, porém até hoje com 92 anos, a ela conseguiu enganar, e aos que deram esse veredito, em baixo da terra estão a repousar.
 Chic pac, chic pum, nessa ginga que ele falava, viva o galego, que assim dançava.

 COM GRANDE ORGULHO DE SER SEU FILHO, A MINHA ETERNA GRATIDÃO.

AURORA BOREAL E AURORA AUSTRAL




























domingo, 10 de abril de 2011

COM O OLHAR DO CORAÇÃO

 O olhar do coração, nos revela um mundo, que não obedece as leis dos homens, mas a lei da vida.
 O olhar do coração, nos mostra, que a terra e suas florestas não tem bandeira, que os rios atravessam os países, sem perceber fronteiras, e que o ar é livre, porque é de todos.
 De repente, um novo mundo surge adiante de nossos olhos. Não vemos mais países, mas regiões, não vemos mais territórios, mas culturas, não vemos mais conflitos de fronteiras, mas gente diferente com as mesmas necessidades e sonhos, com as mesmas buscas de harmonia e felicidade.
 Com esse novo olhar, começamos a ver o mundo ao nosso redor, e a explorar tudo que nos une, a terra, as florestas, os rios, as montanhas, o sol e o ar.
 E esse novo olhar, nos revelou a América Latina, terra que nos abriga. Foi viajando por ela, que experimentamos a beleza, o prazer, e a riqueza de se colocar a caminho, levados pelo olhar do coração.
 Encontramos na riqueza de sua diversidade, um convite à troca, e ao enriquecimento mútuo.

 SINTA AMOR AMÉRICA!!!

 Autor desconhecido.

ANGÉLICA

 Criatura angelical de uma fé descomunal.
 De postura perseverante, mesmo deixando sua cidade natal muito distante.
 Com pulso firme, sempre lutou, contra aos que os outros oprime.
 Mulher de atitude, com exemplos de grande magnitude.
 De seu amado, muito cedo se separou, infelizmente uma doença que  o acometeu, sua vida ceifou.
 Mesmo após seu desenlace, seu amor a orientou, e em sonhos um aviso mandou, que sua única moradia, perigo corria.
 Sem saber o que fazer, tentou contato com o ex sócio de seu companheiro, e um anúncio no rádio colocou, para sua tranquilidade, o mesmo a localizou.
 Então ele veio ao seu encontro, e o seguinte fato relatou: foi Deus que isso providenciou, pois a empresa que tínhamos faliu, e sua residência ia entrar como pendência, da dívida que ficou.
 Agora mesmo vamos ao cartório, transferir sua casa de pessoa jurídica para física, no que ela concordou.
 Mesmo ficando só, com uma prole numerosa, os educou de uma forma grandiosa.
 Até mesmo uma sobrinha, educou como filha, porque por ela um grande amor mantinha.
 Em momentos de dificuldade até água de poço tirou, mas sede e fome nunca nenhum de seus filhos passou.
 Diante de um acidente iminente de trem, pediu ajuda de seu ente querido, que já se encontrava no além, e foi prontamente atendida, de uma forma merecida.
 Com grandes lições de vida se deparou, após a perda de seu companheiro, outra tragédia em seu caminho continuou, um de seus filhos atropelado por um ónibus foi, e internado no hospital, a triste notícia a ela chegou, o que muito lhe doeu, que por um processo de gangrena, ele teria que uma perna amputar, e a conselho do médico, a notícia ao filho ela teria que dar, imbuída de muita coragem foi diante dele, e ao mesmo explicou, que apesar de tudo tinha que a isso entender e superar.
 Sempre aos seus princípios se manteve firme, e a isso tem muita gente que confirme.
 Matriarca exemplar, em sua conduta sempre com labuta, não admitia que qualquer filho cometesse algum deslize, pois os educou com braço firme, com o intuito que ele se valorize.
 Em um movimento em prol da saúde de seu bairro se engajou, muitas palestras ministrou, também em uma caravana que foi de encontro ao secretário da saúde, os direitos da população ela pleiteou, ele negou, mas ela retrucou, e com grande firmeza seu intento conquistou.
 Exímia administradora financeira, mesmo com recurso escasso, nunca se entregou ao fracasso.
 A muitos membros da família seu dinheiro emprestou, e a quem não pode pagar, com grande abnegação, sua dívida perdoou.
 A todo aniversariante quer agradar, e sempre a ele faz questão de presentear.
 No litoral, a oportunidade de um novo amor encontrou, alguns deram apoio, mas a maioria contestou.
 O horário de sua refeição é sagrada, e a isso não abre mão por nada.
 As 5 horas da tarde, faz questão do seu café, e se alguém não der, ela finca o pé.
 Gosta de viajar, passear, mas sempre ao seu cantinho, seu porto seguro, quer retornar, e se aconchegar.

 Tapioca é de coco, beiju é de massa, outro dia ela começou a cantar, e eu para rimar falei:
 Angélica subia no cavalo alazão, e na têxtil Tacaruna, se exibia com toda a graça.

domingo, 3 de abril de 2011

SENTIR, PENSAR E AGIR

 Vida é movimento.
 E o primeiro passo para termos movimento, é através das nossas sensações.
 Por exemplo: Quando estamos sentindo frio.
 Qual é o primeiro passo para deixarmos de sentir frio?
 Temos que pensar em alguma alternativa, para nos aquecermos. Colocar um agasalho, acender uma fogueira, nos movimentarmos.
 E o agasalho na realidade, só impede que o calor gerado pelo nosso próprio corpo, se dissipe no ar, formando uma camada de proteção, que impede que o mesmo se volatilize.
 Então só depois de pensarmos, é que vamos ter a ação.
 Sendo assim, nossas prioridades básicas pela manutenção da vida são: Em primeiro lugar, é o nosso sentir, depois o nosso pensar, e por último a nossa ação.
 O nosso sentir é manifestado pela nossa religiosidade.
 O nosso pensar pela filosofia.
 E a nossa ação é através da ciência, que atua com a experimentação.
 Então esses três fatores estão totalmente interligados, um não pode ficar isolado do outro, pela manutenção da vida.
 Percebendo isso Dr. Norberto Keppe, descobriu a¨ Trilogia Analítica¨, que é o estudo em conjunto da Religião, da Filosofia e da Ciência.
 E o ser humano fragmentado de hoje, quer explicar a vida somente através dessa parcialidade.
 As igrejas se dizendo donas da verdade.
 Com a filosofia a mesma coisa através dos pensadores.
 E a ciência que quer também puxar para si essa teoria, querendo explicar a vida isoladamente.
 E assim caminha a humanidade, totalmente perdida nesse labirinto de hipóteses fragmentadas, gerando uma grande ansiedade nas pessoas, que por sinal é a maior doença que acomete o ser humano atual, a ansiedade
leva as pessoas a uma procura constante de coisas, que elas mesmo, nem sabem o que querem.
 Só pensam na chegada, e esquecem de viver o caminho, e é ele o instrumento que temos para chegar, sem o caminho não existe a chegada.
 Portanto a plenitude da vida, está em sentir cada mínima coisa que nos rodeia, o nascer e o por do sol, que todo dia nos proporciona um espetáculo maravilhoso, que raramente acabamos por perceber, os pássaros que fazem a maior sinfonia todas as manhãs, as plantas que com suas flores múltiplas coloridas enfeitam nosso caminho, exalando odores que se misturam com o frescor do ar que respiramos, e nem agradecemos pelo alento que mantêm o pulsar da nossa vida.
 Um bom dia que damos para quem cruza nosso caminho, uma palavra ou gesto de afeto, que damos com carinho, um sorriso no rosto para que possamos desarmar, quem está do lado oposto.
 Um sentimento de amor, pelas obras do criador.
 Um pensamento de gratidão, para que possamos entrar em comunhão, e sermos uma só nação.
 Um agir, que nos faça refletir, por um melhor porvir.
 Que coisas aparentemente tão pequenas, mas que nos proporcionam grandes momentos de plenitude, e nos faz refletir, que a Vida é um dom a ser vivido, e não uma penitência a ser cumprida.