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sábado, 21 de dezembro de 2013

CONSTRUÇÕES COM TERRA CRUA

Construções com terra crua

19.12.2013 - Por  - Deixe um comentário
Ujatoba_terra
Quando minha querida irmã me sugeriu que eu escrevesse sobre a técnica construtiva da casa de taipa, achei estranho. Casa de taipa? Aquela casa existente em comunidades pobres, onde as paredes abrigam o inseto transmissor do barbeiro? Porém, em meio às pesquisas, fiquei surpresa ao constatar que a terra crua possui muitas outras técnicas construtivas além da taipa de mão. E, se bem executadas, ficam bem acabadas e belas, você sabia? São técnicas bem antigas, mas que estão mais atuais do que nunca, devido às suas características sustentáveis.
Construir com terra crua significa utilizar a matéria prima no local da obra, ou seja, no próprio terreno, reduzindo assim os custos com deslocamento, fretes e compra de insumos. Além disso, poupa derrubada de árvores para cozimento de blocos e a edificação apresenta excelente conforto térmico, mantendo a temperatura e a umidade relativa do ar estáveis ao longo do ano. Trata-se, então, de um sistema construtivo de baixo impacto ambiental.
As principais técnicas de uso da terra crua na construção são:
Adobe – é o bloco de terra feito de uma massa composta de argila e areia, além de esterco de boi ou de cavalo como estabilizante químico e palha ou capim como aditivo físico. O bloco é disposto em fôrmas e curado ao ar livre, num ambiente com pouca umidade, preferencialmente. A mesma massa serve também como argamassa para ser usada entre os blocos.
Super Adobe – utiliza sacos de polipropileno preenchidos com terra e empilhados para formar a parede. A compactação ocorre mecanicamente. Para dar maior estabilidade à alvenaria, um fio de arame farpado é usado entre as camadas de saco. Após a conclusão do levantamento da parede, faz-se o reboco. O resultado é uma estrutura forte e de boa estética.
Taipa de pilão ou taipa socada – consiste em socar terra crua em fôrmas que formarão as paredes, camada por camada, até tornar-se um bloco compacto. A massa usada contém em torno de 60% de areia e 40% de argila. A compactação deve ser bem feita, para garantir a rigidez estrutural necessária para suportar as cargas da edificação. Concluída a primeira camada, desmonta-se e monta-se novamente a fôrma acima do nível pronto para recomeçar o processo até a altura desejada.
Taipa de mão ou pau a pique – é a técnica que constrói a famosa casa de taipa, tão comum no meio rural. Consiste em executar, acima da fundação, uma trama de bambu ou madeira, que será preenchida com uma mistura de terra (e torno de 60% de areia e 40% de argila) e água. Esta técnica pode levantar paredes internas ou externas, mas sem fim estrutural. Para garantir um bom acabamento, as fissuras provenientes da secagem devem ser novamente cobertas com a mesma massa, até que a alvenaria adquira um aspecto uniforme. Um mês após o levantamento das paredes, faz-se a aplicação do reboco utilizando-se uma massa de barro e cal. Depois de seco o reboco é só pintar.
Bloco de terra comprimida ou tijolo de solo-cimento – é feito da mistura de terra, água e cimento (estabilizador que pode ser substituído por cal), comprimido em prensas mecânicas. Por ter reduzido uso de cimento e por dispensar a queima na confecção, é conhecido como bloco ecológico.
Além dessas técnicas, a terra crua também pode ser usada para a confecção de reboco, devido à sua alta plasticidade, proporcionando excelente acabamento, e também pode ser aliada à fabricação de tintas à base de terra, sem compostos químicos, uma vez que o solo terrestre possui enorme quantidade de minerais, conferindo diferentes colorações.
Como se vê, está mais do que na hora da terra crua se fixar de vez como insumo básico na construção civil. Quem deixar de ser conservador e aplicar as técnicas aqui mencionadas, se aliará com a sustentabilidade. Sairão ganhando eu, você, seu bolso e o planeta.

Ivana Jatobá é Engenheira Civil graduada na Universidade Católica do Salvador, especializada em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia e Mestre em Gerenciamento de Engenharia Ambiental pela University of Technology, Sydney, Austrália. Atua como consultora em implantação de sistema de qualidade ISO 9001 e Meio Ambiente ISO 14000 em canteiros de obras.
Ivana Jatobá escreve às quintas aqui no Universo Jatobá.

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